São Paulo, 07 de setembro de 2015.
Epístola-21
Fragmentos de mim
Estava chovendo...
Naturalmente te acompanhei até o carro, nos
despedimos e eu voltei para casa, entrei no nosso quarto, deitei-me em nossa
cama que ainda estava quente do nosso amor.
Deitei-me no seu lado da cama agarrei-me em
seus travesseiros e chorei.
Chorei muito, como se minha alma estivesse
sendo arrancada do meu corpo a ferro e fogo, mas que, não apenas eu sentindo,
também vendo e também executando.
Chorei por um bom tempo sem saber ao certo porque
chorava, sei que me sentia magoada, furiosa, sentindo principalmente muito medo.
Amofinei as lágrimas que havia em minha face, instintivamente
já proibindo que outras se atrevessem a surgir. Então cacei aquele ar! Aquele
que só usamos quando a vida parece que vai nos deixar, aquele que é pouquinho,
pequenininho, mas que tem o poder de afastar o fim.
Não sei como lidar com algumas destas “novas”
descobertas, sinto-me definitivamente perdida, despida de astucia. Embora
pareça ridículo, mas no fundo, bem lá no fundo sinto-me honrada e muito
aliviada. Eu sabia que tinha um preço para ficar com você, sabia que a qualquer
momento ele se manifestaria, pois sempre que pensava nisso, já tentava me
prevenir de que nada seria problema para o tamanho do meu sentimento por você,
imaginava que seria capaz de compreender tudo, de superar tudo para não ter que
viver longe de você.
Não sei o que faço com todas estas informações,
apenas sei que as que me fizeram chorar são menos importantes que as que e me
elevaram como mulher, como ser humano e não estão sendo vividas como se deveriam.
Percebi que estou em sua vida, e isso me deixa extremante
feliz, porque quando se ama alguém subitamente é na vida dela que queremos
estar. Á magoa, a fúria e o medo surgem, emanam de saber que não apenas eu
preciso e quero você, mas que há um dissimulado combate que eu não vou perder,
porque nunca fui muito de lutar por nada pra mim, mas não quero e não vou abrir
mão de você. Esta decisão é irrevogável.
Enide Santos 07/09/2014