Um dia por vez, um passo por vez, tanto para mim, como para vocês. Não é preciso aprender tudo de uma só vez Então vamos por partes. Eu daqui e vocês dai.
Amigos Poetas
Nasci em Edral, pacata aldeia do nordeste transmontano, em 18 de maio de 1953. A aldeia dista cerca de trinta quilómetros por estrada (No ano em que nasci ainda não havia estrada) e vinte a corta-mato de Vinhais, onde os registos de nascimentos eram feitos. A viagem era feita a pé, de burro, macho ou cavalo. Devido à distância, a alguma indisponibilidade de fazer a viagem e ainda para fugir ao pagamento de uma multa por não comunicar o nascimento no dia certo, era raro o registo oficial que coincidia com a data de nascimento do indivíduo. Tudo isto para dizer que eu fui registado com data de 3 de agosto do referido ano. Sou o penúltimo de uma ninhada de oito filhos. Quis o destino que quatro não vissem a idade adulta. Os meus pais, José Manuel Neves e Ana Gomes, eram pobres, possuíam uns bocaditos de terra de onde tiravam o sustento da família e uma casinha para morar. Não havia fartura, mas também não havia fome. Caldo e batatas cozidas regadas com azeite ou acompanhadas com toucinho, raramente chouriça ou salpicão, havia sempre. Aos nove anos guardava as vacas de uma família rica da aldeia. Desconheço se era só pela sopa ou se havia alguma contrapartida para meus pais. Com onze anos fiz a 4ª Classe, e por aí fiquei. Não havia possibilidade de continuar os estudos. Não era um aluno excecional, mas era dos melhores da turma. Como qualquer criança gostava de brincar e era feliz. No ano em que fiz a 4ª Classe tornei-me, quiçá, o pastor de ovelhas mais novo da aldeia. Minto, nesse ano três miúdas da minha idade, colegas de escola, tiveram o mesmo destino que eu. Foram três anos atrás das ovelhas e das pastoras. Uma delas foi a minha primeira grande paixão. Com quinze anos ajudava os meus pais na lavoura. Nesse ano morre meu pai e eu tive que me desenrascar fazendo o que ele fazia, inclusive ajudar um vizinho nos trabalhos agrícolas para que ele lavrasse e semeasse as nossas leiras com uma junta de vacas, que nós não tínhamos. Aos dezoito anos fui para Biscaia, Espanha, trabalhar na construção civil. Estive aí um ano. Regressei à aldeia. Trabalhei, também na construção, cerca de meio ano na Gafanha da Nazaré, Aveiro. Dali fui para Lisboa onde arranjei trabalho na fábrica da borracha. Tinha então dezanove anos. Matriculei-me num externato. De dia trabalhava na fábrica e à noite estudava. Fiz o 12º ano de escolaridade. Entrementes casei, tinha 22 anos, nasceu um filho, hoje com trinta e sete anos. Divorciei-me em 1987 e em 1990 voltei a casar. Trabalhei na fábrica da borracha até maio de 1979, altura em que ingressei na extinta Guarda Fiscal como soldado. Concorri a cabo, depois a sargento, depois a oficial. Em 1993 a Guarda Fiscal é extinta e parte do efetivo foi integrado na Guarda Nacional Republicana. Servi esta corporação até julho de 2009, altura em que passei à situação de reserva com o posto de major. No ano de 2000 inscrevi-me no Curso de Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade Aberta. Tive aprovação em várias unidades letivas. Não cheguei a terminar o curso. Tenho alguns escritos na gaveta, melhor dito, no computador e em DVD, nada especial. Nunca publiquei nenhum e acho que isso nunca virá a acontecer. Prosa, escrevo há bastante tempo, versejar há coisa de três anos. Não sou poeta nem escritor nem tenho aspirações a ser uma coisa ou outra. Gosto de escrever e isso basta-me. Tenho sessenta anos, mas parece que tenho quarenta. Ansioso, aguardo as cenas dos próximos capítulos.
Assinar:
Postagens (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sempre após fazer uma postagem volto aqui, quem sabe aninho-me em seu comentário?