13 de dezembro de 2017

Voyeur

Voyeur

As atividades em sua uma vinícola durante o ano quase sempre deixam Dalton extremamente cansado, mas naquele dia em que tudo estava perfeito, exatamente como ele queria que estivesse, tudo encaminhado e resolvido como  esperado. Ele sentiu-se estranho e buscou dentro de si respostas para tal sentimento. Olhou em torno, revisou alguns papéis que se encontravam sobre a mesa, sua agenda estava impecável, todos os horários todas as datas tudo organizado. Tudo estava no lugar. Olhou pelas janelas admirando aquele belo dia e não se deteve mais, trancou o escritório, no qual havia passado os últimos três dias, a intenção era de que pudesse deixar lá dentro aquele desconhecido sentimento que não parecia ter nenhuma lógica. Dalton é herdeiro de uma das maiores propriedades de vinícolas de sua região, um patrimônio que requer muitos cuidados, mas que proporciona grandes satisfações. É o filho mais velho de tradicional família Padon Miller,  e isso acarreta-lhe ainda mais responsabilidades, pois desde que perderá seu pai, viu-se totalmente envolvido naquele mundo de grande arte e percebia quão necessário se fazia saber guiá-lo à sua apreciação. Embora estivesse envolto naquela tenra paisagem, e com todos os seus compromissos, com a vinícola, realizados a contento. Ele não se sentia pleno. A junção disso com o cansaço o incomodavam muito. Olhou no retrovisor viu-se, e de fundo a placa “Château d'art rouge”. Mil lembranças de sua infância o tomaram e aquele caminho que por muitas vezes cruzou em companhia de seu irmão Áthila, agora ainda não se fazia sólido ainda o embriagava  causando-lhe vertigens e ilusões. Lembrou-se da fogosa Victória amiga de infância sua primeira  dama, mulher, amante, Lembrou-se de suas carnes quentes custosas de largar, de seus beijos gulosos penosos de deixar, tinha olhos sempre como de criança, criança travessa que não se compromete com nada mas gostava mesmo de amar. Desde que fora cursar a universidade, não se viram e nem se comunicaram mais.
O que há comigo hoje, a quanto tempo não me lembrava destes episódios de minha vida? O telefone toca e do outro lado da linha uma voz o questiona.
Em que janelas andas a olhar, esqueceu-se de mim não foi?
Oh, por Deus! - Oh, mon petit!! - Como eu pude me esquecer de você.    Espere-me em meia hora chego ai.
Ao chegar ao aeroporto Imediatamente aquela sensação pesada que sentira mais cedo desaparecera por completo, assim que os olhos de Dalton localizam  o pequeno Áthila, 38 anos já não é mais tão pequeno, pois os anos o contemplaram com um porte como o de Teseu e uma excepcional beleza como de Eros,  Foram três meses de férias e a cor sua pele agora muito bronzeada deixa bem claro que foram dias proveitosos longe de casa. Os irmãos ainda estavam abraçados quando Nathalie aproximou-se, estava distintivamente “une belle femme”. Cabelos muito compridos e tão negros quanto turmalinas banhadas de luz, seus olhos eram pequeninos que lhe davam  uma expressão reservada e feliz. Tinha nas mãos a recente edição da revista “A adega” imediatamente entregou-a ao marido para que pudesse abraçar o cunhado. Depois de desculpar-se pelo atraso Dalton inteirou o irmão das últimas novidades. Com a expressão preocupada indagou sobre a mãe, sobre o Château.
Mamãe está bem. Esteve indisposta por dias  estava saudosa de vocês, mas agora que estão aqui tudo ficará novamente bem, certo?
A mãe Made Chloé, coitada vivia agora tomando muitos remédios, tornara-se muito triste desde que Rhodolfo seu marido falecera, embora a tivesse deixado muito bem de vida e aos cuidados de seus filhos nada mais lhe preenchia a vida, pois foram muito felizes, durante longos anos administravam juntos o vinhedo que prosperou bastante.
A noite quando todos estavam reunidos no jantar tradicional de família  foram resolvidos os últimos detalhes para a recepção que aconteceria no domingo próximo, todos os convidados já haviam confirmado presença, os vinhos para degustação foram selecionados, flores, mesas e garçons e tudo decidido sob os olhos atentos de Dalton. Depois que as damas foram se recolher os rapazes travaram um prazeroso diálogo.
— O que anda fazendo Seigneur Dalton?  Como estão se comportando aqueles travessos personagens, diga-me não me esconda nada? Dalton riu-se e não tentou esconder  a sua face voyeurística. Quatro anos a diferença de idade entre eles situação que os deixavam confortáveis o suficiente para serem muito mais que irmãos, mas amigos e cúmplices em quase tudo.
Talvez goste de conhecer Meranye! Ela é um abuso para minhas virtudes reclamou Dalton.
—Quais foram as  fendas que se abriram para você desta vez? inquiriu o outro.
—De verdade, andei meio distante de fendas, mas elas quem não me deixaram, e estando eu onde estiver elas me chamam, me procuram, me encontram e fazem questão de se insinuar para mim.
—Vejo que preciso colocar a minha leitura em dia, pois o meu escritor favorito produz incessantemente.
Dalton colocou-se de cabisbaixa, a barba por fazer dava-lhe a face uma aparência ainda mais grosseira que o normal, olhou diretamente nos olhos do irmão e disse;
—Temo estar apaixonado.
—Uauu!! pelo que te conheço você se apaixona sempre que vê uma janela, diferente das outras vezes agora esta admitindo. Humm! esta ficando muito interessante este assunto. Meranye?
—Ohh, não! Meranye é uma camponesa loira, dei-lhe formosura e uma destreza inigualável com a boca e mãos. Não há nada que a faça vestir a roupa de baixo. Ela tem cheiro de mato e vários pretendentes, são homens fortes e valentes que estão habituados a lidar com a terra, com os animais. Não desistiriam dela com muita facilidade.
— Agora de verdade, diga-me de onde ela é? É de alguma loja, será a moça do banco ou a do supermercado? Interrompeu Áthila fascinado.
—Sabe muito bem quais as condições impostas para quem como você sabe sobre meu Modus Operandi de escrever! Então se conforme em percorrer  em minhas histórias, eu sei que gosta disso.
—Ao menos vai me dizer por quem esta apaixonado?
— Hoje não. Vamos dormir sim?
Os dias que se seguiram os irmãos mal puderam se ver por conta dos eventos que estavam acontecendo por toda região, as degustações competitivas tanto às escuras, quanto à claras, por vários anos seguidos, deram ao Château D’art Rouge o primeiro lugar como o melhor vinho. E em meio a tudo isso Dalton  Padon Miller entregava-se por inteiro à suas divagações. Viajava muito, dormia algumas vezes em hotéis ou fazendas, estava sempre conhecendo novas pessoas e isso alimentava perfeitamente o seu hobby preferido. Dalton prática escopofilia. Ele tinha uma coleção invejável de imagens, todas minuciosamente descritas e transcritas. Sua última aquisição ainda atordoava-lhe os pensamentos. Embora já tenha visto de tudo de todas as formas mais desejáveis do universo ainda não havia se deparado com tamanho arrebatamento. Lembrou-se então de  Sophi, ela era magra e tinha dentes perfeitos, pescoço fino ornado por um colar que escondia o pingent  entre seus seios, quase dava para vê-lo, por pouco não se descobria a sua circunferência camuflada naquele decote. Sophi deliciosa garçonete em um bar de cowboys era assim que a via a moça que lhe servia o café sempre quando se hospedava naquele hotelzinho que fazia parte do seu percurso viagem. O melhor de tudo é,  ela sabia que ele a olhava, fazia questão de chegar bem próxima, mas sem deixar-se tocar. Era uma personagem bem requisitada, ele sempre a envolvia em diferentes histórias. Diferente de Cosé, pois se encontravam pouco, mas sempre era muito intenso. Uma bonita moça, pálida, aspecto enternecido, trajava-se de preto e adorava rabiscar papéis quanto o olhava umedecendo os lábios. Maquiagem pesada escura terminava sempre muito borrada, Cosé era sua gótica, de carnes brancas partes rosadas molhadas fumegantes. Olhos grandes e azuis como o oceano. Quando faziam amor o deixava quase surdo  com seus gritos e gemidos. Gritos  é um motivo bom para  que Dalton desperte-se de seus devaneios e volte para a realidade.
—Podemos entrar? Disse Cosé, ou melhor, a recepcionista do consultório médico em que Dalton tinha consulta marcada.
— Senhor Miller, como vai, em que posso ajudá-lo? Disse o doutor apertando-lhe a mão.
Dalton fez um relato breve ao médico e soube que deveria fazer alguns exames, nada muito complicado.
De volta em casa sentiu necessidade de compartilhar com seu irmão algumas de suas preocupações referentes tanto ao trabalho quanto com sua saúde.
— Você precisa mesmo se casar novamente! Afirmou Áthila.
Dalton fora casado, antes de completar  três anos de casamento sua esposa ficou muito doente e faleceu, casou-se apaixonado, sofrera muito em sua solidão, mas o trabalho e a dedicação aos seus textos, que um dia publicaria o confortava e o animavam para a vida.
— Quem sabe! não se pode prever o futuro. Houve um silêncio incomum entre os irmãos. que fora quebrado por Dalton.
— Ela esta me matando.
— Como ela é? disse o outro excitado de tanta curiosidade.
— Delicada, afasta os cabelos dos olhos com as pontas dos dedos, como um maestro que rege a melhor orquestra do mundo. E quando volta a cabeça o vento agita-lhe novamente os cabelos, os finos fios dourados  bailam  subvertendo-lhe o olhar. Ela não seduz ela é a própria sedução.
—De onde ela é? Como a encontra? Como se chama?
—Não sei de onde é não sei seu nome, Não sei como encontrá-la, mas sei que ela é real, eu a encontrei em diferentes janelas  em diferentes hotéis, nos vemos e fazemos amor com os olhos por horas, Ela é uma voyeur  como eu. Gosta das coisas que gosto nós nos completamos mesmo sem nunca termos nos tocado.
—Você é mesmo incrível! Ressaltou o irmão.
—Você não esta mesmo me ouvindo, não consegue me entender? Será que não percebe que jamais, em hipótese alguma será possível fixar a singularidade dela num papel? Tinha lágrimas nos olhos.
—Áthila imediatamente estremeceu — Então se acabaram as histórias, as guerras, as cavalarias? O que faremos com as histórias de terror que ainda seriam contadas? O que faremos das a gerente do banco, com a ascensorista quem vai salva-las?
—Oh, por Deus meu irmão!
—Sim, Tudo isso é como uma droga para mim. Eu me refaço em seus delírios, me realizo acompanhando suas narrativas, vigiando suas letras.
—Não seja tolo! Dalton não estava se sentindo muito bem naquela noite e mesmo contra gosto do irmão foi-se deitar.
A semana recomeça com muitos problemas para solucionar, enquanto estava na sala de espera do consultório médico, aguardando por sua mãe revisava relatórios, pelo celular delegava tarefas aos funcionários da vinícola estava realmente muito ocupado para perceber que estava sendo observado.  Made Chloé retornou do consultório acompanhada por uma enfermeira, que avisou  a Dalton para que fosse ter com o doutor.
—Tudo bem meu filho? Esta com um aspecto preocupado, o que o doutor queria com você? Ele não respondeu. —Filho o que houve?
—Nada Mamãe, pediu-me para ficar de olho em você para que não deixe de tomar sua medicação. tenho mais uma viagem marcada, mas deixarei alguém amável e responsável para fazer-lhe companhia.
O dia caía as estrelas todas já se posicionavam para ocuparem seus devidos espaços no escuro do céu. Era uma cidade bem agitada aquela, muitas lojas, belos e aconchegantes restaurantes ele entrou, sentou-se sem olhar muito em torno, ato bastante incomum para Dalton.
O garçom aproxima-se anota o pedido e sai, fazendo com que a mesa em frente seja vista. Pobre rapaz!!! Sua boca secou seu o ar de todo o mundo desapareceu, ele não conseguia respirar… Ela estava lá sentada na mesa bem em frente da dele, os primeiros botões da blusa branca e transparente estavam abertos, seus seios estavam praticamente o chamando. Ele fechou os olhos por um milésimo de segundo, queria ter certeza de que não era um sonho, de que não era mais uma de suas personagens brincando de realidade com ele, fora o milésimo de segundo mais longo de sua vida, temera que ela não estivesse mais lá ao abrir os olhos. Ela estava lá, respirando profundamente, olhar fixo nele. Ele fez menção de se levantar, mas ela o repeliu com o olhar, negativou levemente a cabeça. Ele se acomodou novamente, ficaram ali se olhando, sem perceber a presença dos outros, a presença do garçom. Ela o encaminhou com o olhar e sob a mesa exibia suas longas e bem torneadas pernas cruzadas. Vagarosamente as descruzou afastando-as. Dalton hipnotizado fotografando com o olhar cada deslocamento, em pequenos movimentos ela deixou que escorresse por suas pernas aquele minúsculo e delicado tecido rendado, enquanto se acariciava. Batom vermelho escarlate lábios levemente separados, respiração cada vez mais acelerada e o garçom chega para servi-lo e lá se vão outros intermináveis segundos. Só que desta vez ela não esta mais lá, ele se levanta desesperado a procura-la não a encontra apodera-se do tecido esquecido sob a mesa, joga  dinheiro na mesa para quitar  a conta e sai do restaurante, caminha pelas ruas olhando para todos os lados e nada. Cansado senta-se no banco da praça pega do bolso do paletó aquele fino tecido olha-o e não vê mais nada.

Jean Ollivier 07.09.17


26 de julho de 2017

NO QUE ESTOU PENSANDO?



NO QUE ESTOU PENSANDO?
Meu Deus este negocio de depressão esta virando uma enorme epidemia. Somente hoje a atualização de staus de cinco de meus amigos era sobre a depressão que estão enfrentando. Imagino que não deve ser nada fácil, mas também acredito na força e poder que tem o nosso QUERER juntamente com o poder do nosso DEUS. Gostaria do fundo de minha alma poder ter uma palavra de ajuda, de conforto, me sinto tão pequena, tão inútil de não ter uma palavra para ajudar.
Sinto muito por isso e espero que não se entreguem, que pensem que exitem pessoas que estão próximas a vocês que os amam, amam muito e não gostariam de seguir sem vocês.
Tem sim muitas coisas ruins acontecendo, mas também tem coisas boas, pequenas coisas boas que se valorizadas tornam-se grandes, uso como exemplo um trecho da prece de caritas que me da muita força quando me sinto triste que é a seguinte:
"Deus, um raio, uma faísca do Vosso divino amor pode abrasar a Terra, deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e Todas as lagrimas secarão,todas as dores acalmar-se-ão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor."

18 de junho de 2017

Desejo que me consome


Só estou querendo escrever
Escrever qualquer coisa
Qualquer coisa para alimentar esse meu desejo
Esse meu desejo de  dizer coisas que vem de mim
Que vem de mim, não sei porque e não de onde, sei que vem
Sei que vem e que querem existir de alguma forma, desejam a eternidade
Desejam a eternidade que não tenho nem para mim, mas que para elas ouso buscar
Ouso buscar, para cada letra que da forma a meu sentir, o meio de materializar esse desejo
Esse desejo que me consome.
Só estou querendo escrever para não deixar de existir.
Enide Santos 18.06.17

Virtudes do mal



Deparo-me com a noite transvestida de eternidade.
Deixando-se resvalar na candura da humanidade
Que agora jaz putrefata  nos desejos do mundo.
Córneas vendidas, trocadas pelas necessidades diárias.
Risos consumidos pelas impurezas existentes nas virtudes do mal.
Jã não resta muito o que fazer.
Revirar cada centímetro de cada desejo, seja ele obscuro ou não.
e dentro de todo e qualquer mal, há seu teco de bem
e é ele, é ele, quem nos levara de volta a primeira intenção.

Deparo-me com a noite transvestida de eternidade.
"Não sei o que disse, mas disse"
Enide Santos 18.06.17



Mazelas formosas


Oh! Flor de formosura.
que os teus odores me ofertastes
embriagando assim o meu instante
de outrora magia  me ocupava
e agora sozinha me despertaras
com o frágil balbuciar das quimeras
rico de fases e de esperas
dou-me inteiro ás tuas mazelas.
Enide Santos 18.06.17

Disponibilidade de tempo



O corpo toma todas suas proporções, e a alma não entende, pois ela permanece a mesma, inalterável desde que nascera.
Toda rebuscada de atitude, ela toca fogo no mundo.
Vira vento, deixa que as horas se desapareçam, sem lamentos.
Vira tempo, e sucumbi ao nada.
Seja quem  for, agora não é nada.
Joga fora cada reserva de amor,
Vira tempo e passa.
Enide Santos 18.06.17

12 de janeiro de 2017

Viajando pelo território que beira a inutilidade.



É indescritível a tristeza que se apanha de mim quando vejo todo ”EU” sendo lançado fora. Quando decidem que sou só um velho e se referem a mim como um idoso, apenas me olham como um decrepito sem futuro. O ser, o homem, o pai o individuo que dantes fora importante deixa de existir para dar lugar a uma inutilidade.
Fora isso e outras coisinhas mais, eu vivo bem com minhas marcas, buscando estar sempre pronto para uma nova sutura, neste acumulo de memórias não permito aparta-me do mundo. Não morrerei de desistência, não me esvaziaram, não sem uma boa luta, não sem antes certificar-me de que já posso ir, ir inteiro com tudo que me possui.
Enide Santos 12.01.17



4 de julho de 2016

Ato I cena II



Casal de namorados, deitados curtindo-se
Estão ouvindo música e conversam sobre a poesia.
Então a namorada toda romântica diz:
— Sabe qual o mais belo soneto de amor que já li?
— Não, qual seria?
—Soneto XVIII William Shakespeare.
— Ah, sei qual é, é aquele que ele compara a beleza dela a um dia de verão?
— Sim, sabe que jamais em tempo algum haverá alguém que possa fazer algo que se compare ao que fora feito neste soneto. O último verso do soneto ele faz com que ela (ele) possa reviver a cada vez que alguém ler os versos. Na impossibilidade de alguém conseguir superar Shakespeare, acredito que, jamais - Jamais alguém conseguirá invocar tamanho declaração de amor.
— Agora você consegue entender quando lhe falo sobre proteger minha ex.

Fecham-se as cortinas fim do Primeiro ato.


Enide Santos 04.07.16

3 de julho de 2016

Cada um de nós encontra seu próprio herói.




Meu herói é uma máquina,
Onde bomba intensos e infindos sentimentos.
Onde ganha-se e perde-se pequenas e grandes guerras.
É como um trator uma imponente fábrica de força e emoção.
Ele é sim, um conjunto de mecanismos combinados
Para receber uma forma definida de energia. AMOR
Não, meu herói não é perfeito!
Justamente por não ser perfeito, é, que ele é perfeito.
Seu principal combustível é a fé, ela o mentem sóbrio
Para que possa continuar a embriagar-se de vidas...
Dos sonhos destas vidas.
A principal guerra que lutamos na vida é contra nós mesmos.
É não é diferente para este ser, que desde sempre criou caminhos para si.
Nutrindo-se de sabedoria, ele enriquece seus dias e também os meus.
Ele me deu uma história para contar, implantou nela sonhos
Que não ficaram apenas nas páginas de um livro qualquer.
Eu não sou a princesa deste conto, eu sei bem disso.
Mas agora estou aqui e ele é meu.
Meu herói de sorriso largo e paciência duvidosa.
Ogro de ombros largos, braços fortes e mãos cuidadosas.
Guerreiro poeta que não usa disfarces nem pseudônimo
Mas reveste-se de dons recriando sonhos.
Você é um grande herói Dedé Almeida,
por inúmeras razões por fazer de:
Um operário; O operário
Um filho, O filho
Um irmão, O irmão
Um amante, O amante
Um homem, O homem
Um namorado; O herói.


Enide Santos 01.07.16

8 de janeiro de 2016

Redação (O confronto)


 Inicio estes meus relatos baseando-me nos acontecimentos que se seguem.
Após inúmeras tentativas de escrever uma redação satisfatória aos meus conceitos. Conceitos estes que não são muito bem resolvidos diga-se de passagem.
Trata-se da persistência do tal trauma de escrever redação.
Bom pensando bem o que me resta fazer? Dar-me por vencida ou dispor de minhas armas? Como tenho a meu favor a inteligência que o talzinho do trauma não tem, vamos a isso. Aqui já se vão mais ou menos umas seis linhas preenchidas descaradamente nas fuças deste sabichão.
Quem diria! Eu pegando briga com este tal de: DESAGRADÁVEL EXPERIÊNCIA EMOCIONAL DE TAL INTENSIDADE QUE DEIXA MARCAS DURADOURAS NA MENTE DO INDIVÍDUO.
Me apoderando deste pânico em escrever elevo-me ao meu extremo e em cada tentativa não bem sucedida o talzinho cresce mais. Os pensamentos cobram dos pensamentos melhores pensamentos. Pensamentos que jugam pensamentos que os condenam e também os pune. Sem nenhum tipo de defesa, são dilacerados e por fim exterminados. O que me resta fazer, desistir, deixar que a insegurança me bloquei para sempre? Permitir que meus anseios sejam manipulados pelo eco da derrota? Não, não comigo!!!
Então cá estamos eu e infinitas linhas em branco desejosas de minhas (ins) pirações.
Vou alimenta-las e a cada uma, seu quinhão. Preenche-las ainda que de tenras asneiras, vou conceber cada juízo e é valendo-me desta dificuldade, uso-a para dela me afastar, pois esta é a forma que arranjei de invadir e deforma-la. Sigo manipulando o meu raciocínio vou desbravando como um barco que segue à deriva e mesmo assim mantém-se bailado sobre o mar. Mantendo-se o mais tempo possível sem naufragar.
Sigo dando cores e formas usando o pó da razão para a partir daqui iniciar a minha redação.
Enide Santos. 09/01/15


6 de janeiro de 2016

Fruto de verão



Logo que chegamos em casa, fomos cada uma para um lado. Nem passou por minha cabeça buscar saber onde você estava.
Inerte em meus pensamentos e com eles voltados apenas para minhas necessidades, algumas como buscas na internet, umas leituras aqui outras ali e outros afazeres que já por mim aguardavam. Após um banho demorado e bem relaxante com as energias recompostas lembrei-me de você; fui busca-la, olha-la, pele aveludada e avermelhada me pus a apalpa-la, com desejo e como em um lampejo me vi te degustando; saborosa, cheirosa, molhada, peluda. Abandonei-me com você em minha boca, totalmente entregue a minhas investidas, as minhas lambidas e pequenas mordidas. E tudo se finda com seu sabor ainda a escorre-me pelos lábios.
Enfim não somos mais nós, sou apenas eu inteiramente saciada removendo de entre os dentes os pelos teus.
Adoro manga!

Enide Santos 06/01/16


7 de outubro de 2015

Saudades da minha infância


















São Paulo, 07 de outubro de 2015.
Saudades de painho e de mainha e de quando eu ainda era pequenina.
No decorrer de um estudo e outro me lembrei de algo que sempre acontecia na minha infância ou comigo ou com algum de meus irmãos.
Dias corridos os de hoje, tempo curto para quase tudo e por esta razão quase sempre divido o tempo de minhas refeições com meus estudos.
Porém hoje fiz diferente e deixei de lado, livros, cadernos e canetas para dedicar-me exclusivamente a minha refeição vespertina.
Isso fez-me lembrar de papai e também de que quando somos crianças e que estamos aprendendo a (re) conhecer as palavras passamos o tempo todo lendo tudo que aparece a nossa frente, na ânsia por novas descobertas e também para mostrar o que já sabemos e que estamos realmente aprendendo. Tudo isso nos da a sensação de que não só estamos crescendo,mas cada frase nova nos dá a percepção de que já somos mais adultos e podemos ser motivo de orgulho de painho e de mainha. Bom, era assim comigo!
Esta alucinação e interrompida pelo som estridente da voz forte e dominadora de papai que diz:
- Não pode ler enquanto come é perigoso por que encurta as vistas.
Ou então assim:
-Quantas vezes eu já falai para não ficarem apurando as vistas enquanto comem?
E indignado terminava dizendo:
-Hora meu Deus!
Se é verdade ou não eu nunca soube, mas hoje tudo aquilo tornou-se recordação e compreensão de que naquela voz havia muito amor e proteção.
Enide Santos 07/10/15

7 de setembro de 2015

Epístola-22


















São Paulo, 07 de setembro de 2015.

Epístola-21
Fragmentos de mim

Estava chovendo...
Naturalmente te acompanhei até o carro, nos despedimos e eu voltei para casa, entrei no nosso quarto, deitei-me em nossa cama que ainda estava quente do nosso amor.
Deitei-me no seu lado da cama agarrei-me em seus travesseiros e chorei.
Chorei muito, como se minha alma estivesse sendo arrancada do meu corpo a ferro e fogo, mas que, não apenas eu sentindo, também vendo e também executando.
Chorei por um bom tempo sem saber ao certo porque chorava, sei que me sentia magoada, furiosa, sentindo principalmente muito medo.
Amofinei as lágrimas que havia em minha face, instintivamente já proibindo que outras se atrevessem a surgir. Então cacei aquele ar! Aquele que só usamos quando a vida parece que vai nos deixar, aquele que é pouquinho, pequenininho, mas que tem o poder de afastar o fim.
Não sei como lidar com algumas destas “novas” descobertas, sinto-me definitivamente perdida, despida de astucia. Embora pareça ridículo, mas no fundo, bem lá no fundo sinto-me honrada e muito aliviada. Eu sabia que tinha um preço para ficar com você, sabia que a qualquer momento ele se manifestaria, pois sempre que pensava nisso, já tentava me prevenir de que nada seria problema para o tamanho do meu sentimento por você, imaginava que seria capaz de compreender tudo, de superar tudo para não ter que viver longe de você.
Não sei o que faço com todas estas informações, apenas sei que as que me fizeram chorar são menos importantes que as que e me elevaram como mulher, como ser humano e não estão sendo vividas como se deveriam.
Percebi que estou em sua vida, e isso me deixa extremante feliz, porque quando se ama alguém subitamente é na vida dela que queremos estar. Á magoa, a fúria e o medo surgem, emanam de saber que não apenas eu preciso e quero você, mas que há um dissimulado combate que eu não vou perder, porque nunca fui muito de lutar por nada pra mim, mas não quero e não vou abrir mão de você. Esta decisão é irrevogável.
Enide Santos 07/09/2014


1 de setembro de 2015

Epístola-21















São Paulo, 01 de setembro de 2015.

Epístola 21
Fragmentos de mim.

Enide Santos (Poções, 30 de outubro de 1968).
Decidi que não quero ir para sempre, e para isso me propus a criar o caminho que me fará permanecer, pois de alguma forma quero ficar.
Hoje tudo que tenho é tudo que sinto e é este o meu passaporte para alçar meu principal voo. A liberdade de estar depois de ir.
Para chegar onde quero preciso trespassar o tempo, necessito de conhecimento e principalmente da intimidade com o entendimento, porém jamais saberei se cheguei, mas ao menos saberão que tentei.
O que mais me é necessário hoje é que me deem amanhã, hoje convém plantar-me no futuro sem mim o qual jamais saberei se brotei.
Não quero apenas tornar-me leve e simplesmente ser levada pelos ventos, quero jazer-me em negrito ou itálico quero ser grifo.
Habita-me o conteúdo ao qual almejo aprimora-lo e intensifica-lo, para que não se desfaça facilmente.
Pretensão de minha parte? Sim, sei que sim, mas se eu não fizer por mim como poderei dizer para que façam por si se é para isso que estamos aqui!
Nascer não é apenas para viver por viver, nascer é o principio de se fazer.
Neste contexto, dedico minha vida a construção de minha morte, a sua eterna gestação de mim.

Enide Santos 01/09/2015.

4 de agosto de 2015

Emocionada com meus amigos.



Emocionada com meus amigos.
Ás vezes escrevo meu nome na net e fico extremamente encantada com a dimensão de tudo.
É um retorno infinitamente gratificante, vejo minhas humildes e inacabadas letras em outros blogs outros sites outros países, traduzidos em outras línguas eu me perco de mim e fico sem saber como fazer para agradecer tanto carinho que recebo.Isso me fez lembrar:
Um dos primeiros textos que escrevi, quando comecei entender que fazia poesia.
Quem sou?
Na verdade, não sei muito bem quem sou.
Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.
Sinto-me viver vidas alheias.
Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.
Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.
Sou um aglomerado de emoções.
Sou lamentos dos meus sofrimentos.
Sou pensamentos e pensamentos.
Sou reflexo das minhas atitudes.
Sou momento.
Sou o esquecer e o lembrar.
Sou a indagação da vida, sou ferida.
Sou o defender, o acusar.
Sou o conhecer do eu diferente.
Sou valente.
Eu sou transformação.
Sou a pessoa mais solitária do mundo,
Mas que nunca fica sozinha.
Sou a pessoa mais forte do mundo.
Mas que está sempre com medo.
Sou o exaltar das minhas realizações.
Sou mãe, sou filha, sou avó.
Sou o encontro de mim, comigo mesmo.
Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.
Enide Santos